Pedro Sertão Silva

Pensamentos, reflexões, exposição de ideias, imagens...Uma visão num ângulo particular. No sertão da Paraíba fazendo o bem.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os Crentes Protestantes Não Podem Protestar

Não podem! Os crentes, protestantes, evangélicos, cristãos não-católicos... No Brasil: Não podem lutar contra o racismo, nem contra a injustiça agrária; Não podem sair em passeatas protestando contra a fome, a miséria, a violência; Não podem denunciar corrupção, máfias; Não podem profetizar contra as autoridades constituídas corrompidas; Não podem questionar, refletir...
  
   Frases comuns e pensamento dominante em nosso meio, pecado corriqueiro... Valores próprios da classe média conservadora, corporativa, reacionária, preconceituosa, prevalecente na igreja dos crentes, protestantes, evangélicos, cristãos-não-católicos...
  
   Nas igrejas históricas, destacadamente burguesa e esbranquiçada: tudo em nome da tradição. Lembro-me das igrejas americanas que ainda hoje segregam, ou das igrejas do século XIX para trás, legitimadoras da escravidão.
  
   A igreja católica romana historicamente relutou muitos anos para afirmar que o negro tinha alma. A igreja dos crentes, protestantes, evangélicos, cristãos-não-católicos, legitimando a injustiça social, sempre foi aliada da classe dominante, injusta e cruel (com ilhas de exceções).
  
   Nas denominações pentecostais e neo-pentecostais, os excluídos ou filhos de excluídos ascendem com o talento da eloqüência nos púlpitos.
  
   Pretos, cafuzos, caboclos, mestiços que se adaptam ao sistema como cordeiros inofensivos. Na pior (melhor) das hipóteses, só exploram a prole, a ralé incauta.
  
   Massa de manobra subserviente, faz a “fezinha” ofertando como quem joga na loteria. Massa utilizada também pelos políticos profissionais, destruidores paulatinos da nação.
  
   “Temos que ser dóceis, cordiais, humildes”. “O exemplo de João Batista e de Jesus, questionando o sistema político e religioso, não é para hoje”. “Temos que nos calar e sermos simpáticos, se não eles vêm e nos matam nos prendem, nos perseguem, nos exterminam.”
  
   “Precisamos preservar a nossa "liberdade religiosa e de expressão". Afinal de contas, está tudo bem... Não há o que denunciar, não há tantos crimes, roubos, estupros, desvios de dinheiro público, imoralidades sexuais, miséria, fome, medo, falta de assistência médica para as crianças, velhos, operários, tantas favelas, tanta tristeza, lágrimas, pedofilia, idolatria, meninos de rua, fome, mortalidade infantil, genocídios. E o que existe não é de nossa conta.
  
   Além do mais tudo isso é conseqüência do pecado. “Vamos cantar, vamos louvar e, claro, evangelizar, se quiserem vir às nossas igrejas, serão libertos.” “Somos cidadãos do céu, não temos nada a ver com isso.”
  
   “O exemplo dos profetas que denunciavam injustiça social não é para hoje”. As denuncias de Tiago não são para hoje. "Cuidado! não mexa, não vale a pena. Você é carnal, socialista, comunista, rebelde." Os crentes fizeram um pacto com o diabo: “Ele (Satanás) não mexe com a gente e a gente não mexe com ele.”
  
   Mas ainda não é o fim...
  

1 Comentários:

Blogger Sérgio Cerqueira disse...

É Pedro, você está certo. Via de regra, no Brasil, protestante não protesta.

Não pode protestar, ou não tem interesse em protestar? Está alienado, ou iludido? Ou pior ainda: sua teologia está intrinsecamente adoecida.

Notório bom exemplo foi do pastor prebiteriano Jaime Wright que lutou contra a violação de direitos humanos no regime militar de 64. Mas isso foi exceção.

Hoje, arregimentam forças contra questões de moral sexual e se entregam à imoral negociata de fechar os olhos ao ministro suspeito em troca do arquivamento do kit-gay.

Em contraponto, a busca desenfreada do poder e das riquezas, a opressão de mulheres, a opressão social, a indiferença pelo pobre e desvalido, o legalismo, a exploração do trabalhador, as mentiras, a falta de perdão, a idolatria de denominações, de pessoas e de cargos, e outras cositas mais, ficam tranquilamente em baixo do tapete sem incomodar.

Ouçamos os nossos p(r)o(f)etas:

EM NOME DA JUSTIÇA
João Alexandre

Enquanto a violência acabar com o povão da baixada
E quem sabe tudo disser que não sabe de nada
Enquanto os salários morrerem de velho nas filas
E os homens banirem as leis ao invés de cumpri-las
Enquanto a doença tomar o lugar da saúde
E quem prometeu ser do povo mudar de atitude
Enquanto os bilhetes correrem debaixo da mesa
E a honra dos nobres ceder seu lugar à esperteza.

Não tem jeito não, não tem jeito nao.

Só com muito amor a gente muda esse país
Só no amor de Deus pra nossa gente ser feliz
Nós os filhos seus temos que unir as nossas mãos
Em nome da justiça, por obras de justiça
Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso.

Enquanto o domingo ainda for o nosso dia sagrado
E em nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado
Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive, não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive.

Não tem jeito não, não tem jeito não.

23 de junho de 2011 às 23:22  

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